quarta-feira, abril 11, 2007

Negras como a noite

Mr. Freeze - K's Choice
Foram mãos de veludo, negras como a noite, que roçaram a palma da sua mão, com um toque aveludado, agradavelmente suave. Roçaram em forma de despedida como se de despedida se tratasse.
Ela deu-lhe tudo, o que ele alguma vez poderia imaginar, tudo o que ele mais necessitava, mas ainda assim, ele partiu…
Divide os dias no trabalho árduo de reparação naval, com a noite submersa na escrita de umas quaisquer memórias, possivelmente as suas memórias, ou a sua história de amor, talvez na esperança de um dia tais páginas serem tocadas e folheadas por mãos de veludo, as mesmas que as suas abandonaram naquela noite, que hoje recorda com constante saudosismo.
Um saudosismo que não consegue compreender quando contra todas as expectativas ele decidiu partir para longe!
Trabalha só e triste, vive só e triste, escreve triste e melancólico, não raras vezes com uma lágrima a brotar no seu olhar demasiado expressivo, mesmo que ele quer se esforce por o esconder.
E nas suas páginas ele escreve e relembra constantemente que tem de aguentar, que já falta pouco, muito pouco para poder voltar!
Vai ficar tudo bem, isso eu sei, acredito que vai ficar tudo bem, pois eu sei, que quando o Sol se juntar ao Mar e eu te voltar a beijar, apenas mais uma vez que seja, só mais uma vez, só mais desta vez!
E com um adeus começa mais um dia de melancolia e tristeza. A promessa ficou enterrada nas profundezas dos lençóis, escondida até ao pôr-do-sol.
«Negras como a noite,
vindas de outra terra
as mãos de veludo,
estão á sua espera.»